Por: Dr. José Carlos F. Diniz Gama
Interagindo com o pensamento de R. D. Laing durante suas conversas com Fritjof Capra conforme aparece na obra deste autor; Sabedoria Incomum, uma dúvida altamente coerente surge ao pensamento. Muita coisa que convencionalmente nos é apresentada como loucura, é na verdade uma atitude saudável, porém, inconveniente às posturas do condicionamento e dogmatismo do pensamento dominante, conduzindo logicamente apenas a uma caracterização nosológica.
Segundo Laing os sintomas da esquizofrenia são na realidade, estratégias especiais que as pessoas inventam para poderem sobreviver em situações insuportáveis e ele reconhece na loucura uma reação sadia a um ambiente social insano.
Este conceito de Laing é altamente perturbador e incomodou demais aos rígidos padrões dominantes da década de 60, e foi colocado na contra cultura da época, e até hoje, pouco conhecido por não ser útil ao dogmatismo reducionista ainda dominador.
Ao lado desta visão salutar de uma situação ainda considerada apenas como doença temos o conceito de imbecilidade expresso por Jean-Yves Leloup: A inteligência bloqueada pelo que se sabe o coração limitado pelo que se ama, a fé bloqueada pelo que se crê. Este conceito de Leloup pode ser aceito por todos reducionistas, pois eles podem interpretar o bloqueio circunscrevendo uma pequena quantidade, o que caracteriza um imbecil sem a menor dúvida, convencionalmente falando. Mas Leloup não está se referindo à quantidade bloqueada, mas sim à presença do bloqueio.
Centrando o pensamento na presença do bloqueio façamos uma comparação com uma observação de Thomas S. Kuhn:
Aqueles que trabalharam de modo frutífero com as velhas idéias estão emocionalmente e por hábito ligado a elas. Normalmente levam para o túmulo sua fé inabalável. Mesmo quando confrontados com numerosas demonstrações irrefutáveis, aferram-se teimosamente ao que está errado, mas lhes é familiar. Esta observação de Kuhn, comparada com o conceito de Leloup, levanos logicamente à conclusão que o pensamento do mandarinato científico ainda dominador é imbecil.
A palavra imbecil pode parecer pesada para uma conclusão, mas, infelizmente esta afirmação, é apenas uma dúvida concluída pelo raciocínio lógico convencional. Frente a estas dúvidas coerentes podemos ampliar nosso pensamento em busca de um melhor entendimento da realidade.
Partindo da idéia de Laing, afirmando que o esquizofrênico é uma pessoa com atitudes saudáveis para sobrevier a um ambiente social insano, podemos observar a presença de inúmeros gênios consagrados, que só foram gênios por serem esquizofrênicos.
Tomemos por exemplo, um caso que é do conhecimento de todos, e que chegou a ser um filme que recebeu o Oscar, A Mente Brilhante. John Nash na década de 50, quando iniciava sua carreira universitária foi considerado um doente inconveniente à sociedade pela sua esquizofrenia. Foi internado e tratado drasticamente com choques e ficou afastado da universidade. Após sua suposta recuperação reiniciou sua atividade universitária que terminou com a consagração máxima, o Prêmio Nobel.
Este caso está muito bem definindo que esquizofrênico pode ser e merecer o mesmo que uma pessoa supostamente normal pode.
Frente a estas observações talvez possamos considerar que o comportamento humano é derivado de um dos três modelos básicos: Esquizofrenia, Imbecilidade e Normalidade.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
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